quarta-feira, agosto 22, 2007

Vestibular

Até o final da década de 60, o vestibular era realizado para que se testasse a capacidade do candidato em acompanhar o seu curso de escolha.
Para isso, determinava-se uma nota mínima que deveria ser alcançada.
Mas já naquela época as instituições públicas não tinham vagas para todos, o que determinou a existência da categoria "excedente".
Este era o indivíduo que havia alcançado a nota mínima mas que não entrava na universidade porque não havia espaço. Tinha capacidade, mas não tinha vaga. Assim...

O comércio dos cursinhos pré-vestibular, aliado a uma série de investimentos familiares, contribui para a elitização do ensino superior.

Certas carreiras têm seu público formado essencialmente por estudantes oriundos de escolas públicas, enquanto em outros ocorre situação inversa, sugerindo a intensificação da seletividade social na escolha das carreiras.

Surgem pequenos gênios, fórmulas mágicas, o 1º colocado que (incrível!) namora e vai ao cinema, o que estuda e nunca passa, o que nunca estuda e passa.

Outro problema é o modelo de dissertação que se forneceu aos alunos no ensino médio ao longo de sua formação. Trata-se de um modelo muito repetitivo e que não foca no principal: a posição do candidato sobre o assunto.
Ao contrário, é comum as aulas de redação incentivarem os alunos a não se posicionarem, esquecendo que uma dissertação é a defesa de um ponto de vista, em um texto que deve transmitir uma imagem de autoria confiável, de maneira que o leitor se sinta motivado a interagir com as idéias expostas.

A prática da sala de aula de apresentar informações sem reflexão leva o aluno a penar no ato de escrever. A aula-show que faz rir, mas não faz pensar, volta-se mais tarde contra o próprio aluno.

Muitos saem do ensino médio sem consciência prática de que para escrever e para falar usamos registros de linguagem diferentes. Como resultado, escrevem textos que seriam mais bem entendidos se fossem lidos em voz alta.

O sucesso no vestibular acaba sendo visto como fonte de auto-estima e orgulho para candidatos e familiares. O acesso a universidade hoje em dia pode ser visto como uma forma de "heroísmo".

Mas mesmo o ingresso no ensino superior pode se revelar uma grande ilusão devido ao processo de desvalorização e inutilidade dos diplomas. Bem, restará a sensação do dever cumprido e da consciência tranqüila.

trechos de artigos sobre vestibular