domingo, maio 25, 2008

Grandes Unidades

Mencionaríamos então que a descoberta feita pelo homem de que o amor sexual (genital) lhe proporcionava as mais intensas experiências de satisfação,
fornecendo-lhe, na realidade, o protótipo de toda felicidade,
deve ter-lhe sugerido que continuasse a buscar a satisfação da felicidade em sua vida seguindo o caminho das relações sexuais e que tornasse o erotismo genital o ponto central dessa mesma vida.

Prosseguimos dizendo que, fazendo assim, ele se tornou dependente, de uma forma muito perigosa, de uma parte do mundo externo, isto é,
de seu objeto amoroso escolhido.
Por essa razão, os sábios de todas as épocas nos advertiram enfaticamente contra tal modo de vida; apesar disso, ele não perdeu seu atrativo para um grande número de pessoas.

A incompatibilidade entre amor e civilização parece inevitável e sua razão não é imediatamente reconhecível.

Abordamos a dificuldade do desenvolvimento cultural como sendo uma dificuldade geral de desenvolvimento, fazendo sua origem remontar à inércia da libido, à falta de inclinação desta para abandonar uma posição antiga por outra nova.
Dizemos quase a mesma coisa quando fazemos a antítese entre civilização e sexualidade derivar da circunstância de o amor sexual constituir um relacionamento entre dois indivíduos, no qual um terceiro só pode ser supérfluo ou perturbador, ao passo que a civilização depende de relacionamentos entre um considerável número de indivíduos.

Já percebemos que um dos principais esforços da civilização é reunir as pessoas em grandes unidades.

A tendência por parte da civilização em restringir a vida sexual não é menos clara do que sua outra tendência em ampliar a unidade cultural.

O próprio amor genital heterossexual, que permaneceu isento e proscrição, é restringido por outras limitações, apresentadas sob a forma da insistência na legitimidade e na monogamia.

A vida sexual do homem civilizado encontra-se, não obstante, severamente prejudicada, dá, às vezes, a impressão de estar em processo de involução enquanto função, tal como parece acontecer com nossos dentes e cabelos.
Provavelmente, justifica-se supor que sua importância enquanto fonte de sentimento de felicidade, e portanto, na realização de nosso objetivo na vida, diminuiu sensivelmente.

Freud- O Mal-Estar na Civilização.

sábado, maio 24, 2008

O pão nosso de cada dia...

As práticas de Orientação Profissional precederam historicamente os modelos teóricos.
Seu nascimento foi demarcado pela criação dos Centros de Orientação Profissional na Europa e nos Estados Unidos, na primeira década do século XX3, que tinham como principal objetivo identificar trabalhadores inaptos para determinadas tarefas industriais a fim de evitar acidentes de trabalho e garantir a produtividade.

A Orientação Profissional nasceu para resolver problemas práticos da próspera sociedade industrial da época e a sua história está intimamente ligada à história das relações de trabalho do mundo ocidental.

Referências ao papel do trabalho na vida do ser humano já apareciam na Bíblia.
O trabalho era definido como castigo divino imposto aos homens por sua desobediência a Deus.
Na Antigüidade Clássica, o trabalho era função desprezada que cabia aos escravos; o que garantia aos cidadãos o direito ao ócio, às atividades políticas e contemplativas.
Durante a Idade Média, o trabalho cabia aos servos, que sustentavam os senhores feudais, donos da terra e do poder.
Até este momento histórico, a vida laboral confundia-se com a vida doméstica; o trabalho era realizado em casa, em família e os filhos aprendiam seus futuros ofícios com seus pais ou, no máximo, com vizinhos que conhecessem ofícios diferentes.

A Reforma Religiosa trouxe consigo a idéia de que o trabalho é salvação, é virtude; o ócio passou a ser condenado em seu lugar.
O Renascimento Cultural promoveu o desenvolvimento das artes e da ciência e contribuiu com a idéia do trabalho como libertação, como possibilidade de domínio do homem sobre a natureza.
As Grandes Navegações e o Mercantilismo trouxeram o desenvolvimento do comércio e promoveram a ascensão da burguesia enquanto classe social.
Com o Iluminismo vieram avanços científicos e tecnológicos inovadores.

Todos estes movimentos históricos trouxeram consigo o germe da futura sociedade industrial, contribuíram para a idéia de trabalho como um valor positivo e permitiram a possibilidade de ascensão social através do exercício laboral.

A Orientação Profissional nasceu como prática neste contexto sócio-econômico da Terceira Revolução Industrial, caracterizada pela produção e pelo consumo em massa, em que as indústrias eram instituições gigantescas que empregavam um grande contingente de trabalhadores assalariados para a execução de tarefas específicas, segmentadas e repetitivas.
Os primeiros processos de intervenção desenvolvidos foram influenciados pelos mesmos princípios de cientificidade e pela bandeira da eficiência que balizavam a produção industrial.

Esta influência culminou com o desenvolvimento da Teoria do Traço e Fator, que passou a servir como paradigma para a realização de processos de Orientação Profissional baseados na utilização de testes de aptidões, habilidades e interesses e cujo baluarte era o ajustamento do homem à ocupação, com vistas na excelência da eficiência industrial.

A ética da atividade realizada por estes orientadores profissionais era a ética da produção.
O foco desta atividade era a busca da eficiência através do ajustamento da pessoa à função, a partir da avaliação das habilidades e competências, independentemente da autopercepção do sujeito quanto aos seus interesses e perspectivas de satisfação e auto-realização.


Durante a segunda metade do século XX, com a decadência da sociedade industrial e a revalorização da criatividade, a Orientação Profissional tomou novos rumos.
Em primeiro lugar, a influência da Terapia Centrada no Cliente de Carl Rogers, que pregava a não-diretividade dos processos psicoterápicos e do aconselhamento psicológico, influenciou sobremaneira a visão sobre os papéis dos sujeitos da Orientação Profissional, pelo deslocamento do lugar do saber e da decisão do orientador para o orientando.
Em segundo lugar, o surgimento da idéia de que a escolha profissional é um processo integrado ao desenvolvimento vital do sujeito.
O foco da Orientação Profissional transferiu-se da produção resultante para o sujeito de escolha, sendo a eficiência e a produtividade tomadas como conseqüências naturais de uma escolha adequada, centrada na satisfação e nos sentimentos de realização do indivíduo.

A sociedade capitalista atual é pautada pelo aumento do setor terciário ou de serviços; pela globalização da economia; pelo modelo enxuto de empresa; pelo uso de tecnologias de ponta, como eletrônica, telecomunicações, informática, biotecnologia; pela alta produção de bens não-materiais, como serviços, informação, educação, estética.

Em conseqüência destas mudanças, postos de trabalho na indústria vêm diminuindo e o decréscimo do emprego estrutural vem gerando desemprego e dando lugar ao trabalho autônomo e à economia informal;
ocupações antigas vêm desaparecendo e novas vêm surgindo a cada dia.

Estas mudanças no mundo do trabalho geram instabilidade e exigem do trabalhador uma série de novas habilidades para a empregabilidade, como flexibilidade, polivalência, capacitação tecnológica, adaptabilidade.

A organização, a estabilidade, a certeza, a previsibilidade, ícones da sociedade industrial, foram substituídas pela flexibilidade da produção e das relações de trabalho, que passaram a ser guiados pelas flutuações do mercado de consumo.

Ao mesmo tempo em que a sociedade pós-industrial seduz com seu discurso de que o trabalho deve estar vinculado à busca por qualidade de vida, mantém um contingente cada vez maior de indivíduos à margem do processo produtivo.


Uma dimensão ideológica sempre está presente no processo de Orientação Profissional, mesmo que de forma inconsciente e mesmo que o orientador profissional tente colocar-se em uma posição de neutralidade.
A própria neutralidade é uma postura ideológica que, na maioria das vezes, apenas esconde passividade e falta de crítica.

A orientação profissional e as transformações no mundo do trabalho
Maria Célia Lassance; Mônica Sparta

sexta-feira, maio 23, 2008

Em rala-rala é que se educa a molhadinha...

O côco do côco
(Guinga e Aldir Blanc)

Moça donzela não arrenega um bom côco
nem a mãe dela, nem as tias, nem a madrinha.

Num côco tô com quem faz muito e acha pouco.
Em rala-rala é que se educa a molhadinha.

Se tu não peca, meu bem, cai a peteca, neném,
vira polícia da xereca da vizinha.

Se tu se guarda e não tem
tá encruada que nem ovo no cú da galinha.

Não tem cinismo que diz: entre a santa e a meretriz
só muda a forma com que as duas se arrega.

Eu só me queixo se me criar teia de aranha.

Quem nega tá de manha ou faz pouco que gozou.

No tempo que eu casei de véu com meu marido
era virgem no ouvido e ele nunca reclamou.

Pra ser sincera, eu acho que isso inté facilitou...