terça-feira, julho 31, 2007

Tempo Livre

No estado de letargia culmina um momento decisivo do tempo livre nas condições atuais: o tédio.
Insaciáveis são também as sátiras sobre as maravilhas que as pessoas esperam das viagens de férias ou de qualquer situação excepcional do tempo livre, enquanto tampouco aqui conseguem escapar do sempre igual; que não se dissipa mais.

É bem conhecido, e nem por isso menos verdadeiro, que os fenômenos específicos do tempo livre como o turismo são acionados e organizados em função do lucro.

O cuidado, talvez subjetivamente bem intencionado dos pais, que as crianças não se esforçassem demais no tempo livre: não ler demais, não deixar luz acesa por muito tempo à noite. Secretamentem, os pais farejavam por trás disso uma rebeldia de espírito, ou também, uma insitência no prazer a qual é incompatível com a divisão racional da existência.

Shoppenhauer formulou cedo uma teoria sobre o tédio. De acordo com o seu pessimismo metafísico, ou as pessoas sofrem pelo apetite insatisfeito de sua cega vontade ou se entediam tão pouco aquele esteja insatisfeito.

A falta de fantasia, implantada e insistentemente recomendada pela sociedade, deixa as pessoas desamparadas em seu tempo livre.

A típica ideologia da personalização que consiste em atribuir-se importância desmedida à pessoas individuais e relações privadas, contra o efetivamente determinante, desde o ponto de vista social, evidentemente como compensação da funcionalização da realidade.

Palavras e Sinais- Theodor W. Adorno.