segunda-feira, julho 02, 2007

...e a negligência supera o desejo

Eu sempre odeio quem me deixa, mesmo que ainda o ame. Ou nunca tenha amado. Assistir à morte de um amor é como assinar embaixo em um atestado de incompetência: "Eu sou um fracassado sentimental".

Sou perita em fins. Acho que já tive mais fins de relacionamento que começos.

Tentando desesperadamente acreditar que dois monólogos podem fazer um diálogo - feliz e agradável, além de tudo.

Esse temor da rejeição, da exposição, da falta de controle perante o que não conhecemos é o que de mais castrador podemos fazer a nós mesmos.

Notar que já não existia 'entre nós', só entre mim e alguém que se esqueceu de apagar a luz ao sair para deixar evidente o abandono do recinto.

Nessas "tentações" que se interpõem em nosso caminho para nos mostrar o que é realmente importante.

E, pela primeira vez, sentimos um desapontamento, meio inexplicável, mas bem nítido. Durante os cinco segundos que nos separam do cumprimento, uma tonelada de sensações chegam juntas e misturadas. Até que, de repente, olhamos para alguém muito diferente de quem nos encantou. Um completo estranho.

Nada pode ser mais humilhante que descobrir nossa própria fraude (a não ser perceber que tudo poderia ter sido diferente se fôssemos menos egocêntricos).

Para parar de ter medo do bicho-papão que mora embaixo da cama, é preciso olhar para debaixo dela: medos só perdem a força quando são firmemente encarados.

Ailin Aleixo