terça-feira, julho 31, 2007

História da vida Privada- A casa

A vida privada é o refúgio onde os homens descansam do trabalho e do mundo exterior. Deve-se fazer de tudo para dar harmonia a esse refúgio. A casa é o ninho, o local em que o tempo se suspende.

A casa, o domicílio, é a única barreira contra o horror do caos, da noite e da origem obscura; opõe-se à evasão, à perda, à ausência, pois organiza sua ordem interna, sua civilidade, sua paixão. Sua liberdade desabrocha no estável, no contido, e não no aberto ou no infinito. Estar em casa é reconhecer a lentidão da vida e o prazer da meditação. (Kant)

A leitura, exploração sedentária, é uma maneira de apropriar o universo ao torná-lo legível, e, por meio da ilustração, visível. A biblioteca abre a casa para o mundo, encerra o mundo dentro de casa.

Janelas fechadas, portas trancadas, ciumentas possessões da felicidade! (André Gide)

A nova solidão do leito individual conforta o sentimento da pessoa, favorece sua autonomia, facilita o desabrochar do monólogo interior; as modalidades da prece, as formas do devaneio, as condições de adormecer e do despertar, o denvolvimento do sonho e do pesadelo, tudo é transtornado.

O quarto de uma moça, transformado em templo de sua vida privada, enche-se de símbolos, confunde-se com sua personalidade, prova sua autonomia. O pequeno oratório, a gaiola do passarinho, o vaso de flores, o papel de parede, a escrivaninha que encerra o álbum e a coleção de cartas íntimas...