terça-feira, maio 08, 2007

Walden II

Estamos completamente livres dessa atmosfera institucional que é inevitável quando todos fazer a mesma coisa à mesma hora. Nossos dias têm uma continuidade, flexibilidade, diversidade, fluxo.

A conferência é um dos meios mais ineficientes de difundir a cultura. Tornou-se obsoleta com a invenção da imprensa. Sobrevive apenas nas universidades e similares, e em algumas outras instituições retrógradas. Por que é que você simplesmente não entrega conferências impressas aos seus estudantes? Porque eles não a leriam. Bela instituição essa que deve resolver o problema com ardis retóricos.

O homem realmente inteligente não quer sentir que seu trabalho está sendo feito por outra pessoa. Ele é suficientemente sensível para ser perturbado por um ligeiro ressentimento que, multiplicado por mil, significa sua queda. Eu nunca me senti feliz por ser servido.

O tédio é mais exaustivo que o trabalho pesado.

Roupas e cobertas são realmente um grande incômodo. Impedem os bebês de se exercitarem forçam-nos a posturas desconfortáveis.
Como o ar é filtrado, lavamos as crianças somente uma vez por semana, e nunca temos que limpar-lhes nariz ou olhos. Não é preciso fazer camas e é fácil inventar infecções. Os compartimento são a prova de som e as crianças podem dormir sem perturbar umas às outras.

Vocês não estão criando um conjunto de organismos desadaptados? Temperatura controlada, sono sem ruído, essas crianças não seriam completamente indefesas num ambiente normal?

É verdade que os aborrecimentos constantes poderiam torná-las mais resistentes, mas o resultado mais freqüente é o esgotamento ou a irritação. Introduzimos aborrecimentos, gradativamente, de acordo com a habilidade da criança em enfrentá-los. Parece-se muito com o processo de vacinação.

O sol do meio-dia é extremamente penoso se você sai de um quarto escuro, mas habitue-se gradualmente e você reduzirá a dor concomitantemente.

Evitamos cuidadosamente qualquer regozijo por triunfo pessoal que signifique insucesso de outra pessoa. Não obtemos prazer do competitivo.

Não precisamos de “séries”. Todos sabem que os talentos e capacidade não se desenvolvem no mesmo nível em crianças diferentes. Um leitor de quarta série pode ser um matemático de sexta série. Aqui, a criança progride à velocidade que queira em qualquer campo.

Em Walden II não há obstáculos econômicos para casar-se, seja qual for a idade dos cônjuges. Às crianças, são dados cuidados iguais, não importando a experiência, a idade, ou o poder aquisitivo dos pais.

Certamente a maior parte das jovens podem ter filhos aos quinze aos dezesseis anos. As pessoas gostam de ridicularizar o “amor juvenil”, dizendo que não é duradouro nem profundo. Claro que não dura! Milhões de forças conspiram contra eles. E não são forças da natureza, mas forças de uma sociedade mal organizada. O rapaz e a moça estão prontos para amar. Nunca mais terão a mesma capacidade de amar.

Que tem de mal o amor, o matrimônio, a paternidade? Nada se resolve com atrasá-los, ao contrário, tudo se complica. Geralmente, os ajustes sexuais normais acaba sendo impossíveis e o elemento esportivo no sexo é provocado- toda pessoa do sexo oposto se converte em objeto de sedução.


O fato mais significativo do nosso tempo é o cresecente enfraquecimento da família. A perda da importância do lar como um meio para perpertuar uma cultura; as extraordinárias consequencias do controle de natalidade e a separação prática entre sexo e paternidade; a aceitação social do divórcio... Dificilmente pode-se sustentar que se trate de um tema tranquilo.

Walden II suprimiu a família, não só como unidade econômica, como também, até certo ponto, como unidade social e psicológica. O que sobreviver dela é uma questão experimental.

Por exemplo, a conveniência de quartos separados para marido e mulher.
- Mas não abrem assim a porta para a promiscuidade?
Ao contrário, perpetuamos a lealdade e o afeto. Dessa forma podemos estar seguros de que todo afeto, quando se mantém, é autêntico e não resultado de um regime policial e, por isso, orgulhamo-nos dele.
Entre outras coisas, encorajamos a simples amizade entre sexos, enquanto o mundo exterior não faz mais que proibi-las. E o que poderia ser uma amizade agradável, transforma-se em algo clandestino. Não praticamos o "amor livre" mas apoiamos o "afeto livre".

Em um mundo de completa igualdade econômica, cada um pode conseguir e manter as afeições que merece. Não se pode comprar amor com presentes ou favores.

A fácil expressão do aborrecimento. É, entre nós, uma forma perfeitamente aceita dizer: "Você já me disse isso antes" ou "Esse é um assunto que eu não acho muito interessante".

Uma eleição nacional é, realmente, uma disputa importante? Importa, realmente, quem ganha? As plataformas das duas partes são cuidadosamente elaboradas e tão semelhantes quanto possível, e quando a eleição acaba, somos exortados a aceitar o resultado como bons esportitas. Apenas alguns eleitores continuam se incomodando muito depois de uma semana ou duas. O resto sabe que não há perigo real. As coisas continuarão como antes.

Votar é um meio de pôr a culpa no povo pela situação. O povo não faz regras, é o bode expiatório.


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... Ou empregamos o nosso conhecimento sobre o comportamento humano para criar um ambiente social onde levaremos vidas produtivas e criativas.
Algo como Walden II não seria um mau começo.

B.F. Skinner