segunda-feira, maio 21, 2007

Ele sabe esperar em silêncio (?)

Todo mundo vai embora.

Em algum momento, em vários deles ou definitivamente, as pessoas sempre vão embora.
Talvez essa seja a pior coisa do mundo.

Ele vai embora, sempre, quando eu preciso de quinze minutos de silêncio complementar à minha entrega.
Que se dane o depois, eu sou agora, ou pelo menos era.

Sempre a mesma cara de tédio e de busca pelo resto que não se repete ou não se prolonga.

Ele sempre vai embora do meu mundo quando eu só queria que ele descansasse um pouco de ser ele o tempo todo...

Vivo com essa sensação de abandono, de falta, de pouco, de metade.

Eu não sei deixar ninguém partir, eu não sei escolher, excluir, deletar.
São as pessoas que resolvem me deixar, melhor assim, adoro não ser responsável por absolutamente nada, odeio o peso que uma despedida eterna causa em mim.

O outro foi embora a primeira vez porque estava bêbado demais,
foi embora a segunda porque ficou tarde,
foi embora a terceira porque teve medo de ficar pra sempre,
foi embora durante alguns longos anos porque todo o resto do mundo precisava dele e eu era apenas uma das demandas.

A gente sempre se despede lembrando da música do Chico que diz “o amor não tem pressa, ele sabe esperar em silêncio”.

Antes dele teve ainda um outro que sempre ia embora na espera de que existisse algo melhor do que eu, mas não ia definitivamente porque não é todo dia que aparece alguém melhor do que eu. Um dia apareceu, ela até que é bonita e tal, não parece tão confusa e intensa e talvez mediocridade seja tudo de que uma pessoa precise para ser feliz.

Mas a última vez que ele foi embora, antes me deu um abraço de quem nunca saiu do mesmo lugar.

Fazia tempo que alguém não ficava tão calado enquanto eu apenas existo,
fazia tempo que alguém não ficava tão perdido só porque me encontrou,
fazia tempo que eu não me olhava no espelho e sorria,
sabendo que sim, sim, sim, sou bonita ora bolas! Sou interessante!
Da onde eu tinha tirado o contrário nos últimos meses?

Todo mundo chega na sua vida.
Em algum momento, em vários deles ou definitivamente, as pessoas sempre chegam.
Talvez essa seja a melhor coisa do mundo.

... no final a gente acaba mesmo numa esquina qualquer, lembrando de alguém que um dia chegou e depois foi embora, perplexo.

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