sexta-feira, maio 11, 2007

Uma pessoa só não conta, uma pessoa só não é ninguém...

Ao tentarem “pôr em ordem” seus relacionamentos, as pessoas discutem, criticam-se mutuamente, mostram de maneira lógica as contradições nos argumentos emocionais dos outros, apontam detalhes. Depois ainda se perguntam como o sentimento espontâneo do calor humano desapareceu...

Nos apaixonamos e desapaixonamos, vivemos de drama em drama, sentindo-nos em êxtase quando o romance está no auge do calor e caindo em desespero quando ele começa a esfriar.

Ainda não ocorreu a nós deixarmos de olhar para uma pessoa por quem nos apaixonamos como símbolo de alguma coisa e começarmos a vê-la simplesmente como uma pessoa. A idéia de que o “amos verdadeiro” é uma adoração e idolatria mútua tão irresistível que nos faz sentir que todo o céu e a terra nos são desvelados através desse amor. Queremos que essa adoração arda mesmo quando dividimos um cotidiano não tão espetacular assim, com contas pra pagar, almoço pra preparar, filhos pra criar.

Relacionar-se e valorizar a pessoa como pessoa, não como aquela que carrega sua alma perdida e sua vida não vivida. Nos preocupamos muito em manter viva e vibrante a fantasia e não em entender que dois seres humanos mortais podem amar-se como pessoas comuns e imperfeitas e que podem sim, permitir que as projeções se desvaneçam.

Mas não gostamos de algo que seja “simples” para nós “simples” significa monótono ou obtuso ou estúpido. Se um relacionamento direto, simples e espontâneo está dando certo nós não aceitamos: “é monótono demais”, estamos mais acostumados a valorizar o que é exagerado, desafiador, “altamente excitante”.

Uma das contradições mais notórias é que muitos casais tratam seus amigos com muito mais bondade, consideração, generosidade- e até capacidade de perdoar- do que jamais fizeram um com relação ao outro. Quando as pessoas estão com seus amigos, elas são agradáveis, atenciosas e corteses, mas, quando chegam em casa, muitas vezes dão vazão à raiva, aos ressentimentos, às inseguranças, aos humores e às frustrações.

Quando duas pessoas estão apaixonadas, costuma-se dizer que eles são “mais que apenas amigos”. Mas, com o decorrer do tempo, eles parecem tratar-se como se fosse bem menos que amigos. Muita gente acha que estar “apaixonado” é um relacionamento mais íntimo, mais significativo, do que uma “mera” amizade.

Em sua própria essência, o amor é uma apreciação, um reconhecimento do valor do outro.

Quando percebermos que o relacionamento humano é inseparável da amizade e do compromisso poderemos, finalmente, descobrir- para a nossa surpresa- que o que mais necessitamos não é tanto sermos amados, mas sim, amar.


We- Robert A. Johnson