segunda-feira, maio 14, 2007

Cultura da Interface

Em vez de teclar comandos obscuros, o usuário podia simplesmente apontar para alguma coisa e expandir seus conteúdos, ou arrasta-la através da tela. Em vez de dizer ao computador para executar uma tarefa específica- “abra esse arquivo”- os usuários pareciam fazê-lo eles próprios. A imediatez táctil da ilusão dava a impressão de que agora a informação estava mais próxima, mais à mão, em vez de mais afastada.

Pela primeira vez a máquina era imaginada não como um apêndice do nosso corpo, mas como um ambiente, um espaço a ser explorado.

A informação que chega à tela da nossa TV é inflexível, consumimos o que as redes de televisão nos mandam consumir. O único mecanismo de feedback que temos é o controle remoto, a filtragem que podemos fazer é a mudança de canal.

As janelas são elementos mais fluídos, mais portáteis. Podemos arrastá-las pela tela, alterar seu tamanho com um só clique do mouse. São projetadas para ser maleáveis, mutáveis. A maioria dos usuários de computador está constantemente mexendo em suas janelas, aumentando, diminuindo, empurrando-as ou pondo-as em foco. Para os céticos do high tech, as janelas são um questão de síndrome de déficit de atenção.

Mas o que há de mais revolucionário é que de fato há conexões entre as várias escalas que um itinerante da Web faz em sua jornada. Esses vários destinos não são fortuitos, mas ligados por vínculos de associação. Alguém que assisti televisão fica saltando entre diferente canais porque está interessado. Quem acessa a web clica em um novo link porque está interessado.

O uso de um processador de textos muda nossa maneira de escrever- não só porque estamos nos valendo de novas ferramentas para dar cabo da tarefa, mas também porque o computador transforma fundamentalmente o modo como concebemos nossas frases, o processo de pensamento que se desenrola paralelamente ao processo de escrever. Os comandos de voltar e o verificador ortográfico- tornam muito mais fácil aviar dez páginas num tempo que teríamos conseguido rabiscar cinco com caneta e papel.


Cultura da Interface- como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar
Steven Johnson