quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Psicologia de Grupo (cont.)

O indivíduo, nas relações que já mencionei, cai sob a influência de apenas uma só pessoa ou de um número bastante reduzido de pessoas.
Ora, quando se fala de psicologia social ou de grupo, costuma-se deixar essas relações de lado e isolar como tema de indagação o influenciamento de um indivíduo por um grande número de pessoas simultaneamente, pessoas com quem se acha ligado por algo, embora, sob outros aspectos e em muitos respeitos, possam ser-lhe estranhas.

--

Quase toda relação emocional íntima entre duas pessoas que perdura por certo tempo- casamento, amizade, as relações entre pais e filhos- contém um sedimento de sentimentos de aversão e hostilidade.

A identificação, na verdade, é ambivalente desde o início, pode tornar-se expressão de ternura com tanta facilidade quanto um desejo de afastamento de alguém.

O sentimento social, assim, se baseia na inversão daquilo que a princípio se constitui um sentimento hostil em uma ligação.

--

O fato de o objeto amado desfrutar de certa liberdade quanto à crítica, e o de todas as suas características serem mais altamente valorizadas do que as das pessoas que não são amadas, ou do que as próprias características dele numa ocasião em que não era amado.

Produz-se a ilusao de que o objeto veio a ser sensualmente amado devido aos seus méritos espirituais, ao passo que, pelo contrário, na realidade esses méritos só podem ter sido emprestados a ele pelo seu encanto social.

Em muitas formas de escolha amorosa, é fao evidente que o objeto serve de sucedâneo para algum inatingido ideal do ego de nós mesmos. Nós o amamos por causa das perfeições que nos esforçamos por conseguir para nosso próprio ego e que agora gostaríamos de adquirir, dessa maneira indireta, como meio de satisfazer nosso narcisismo.

É destino do amor sensual extinguir-se quando se satisfaz; para que possa durar, desde o início tem de estar mesclado com componentes puramente afetuosos, ou deve, ele próprio, sentir uma tranformação desse tipo.

--

Cada indivíduo é uma parte componente de numerosos grupos, acha-se ligado por vínculos de identificação em muitos sentidos e contruiu o seu ideal de ego segundo os modelos mais variados.

Freud- Psicologia de Grupo e Análise do Ego.