segunda-feira, setembro 10, 2007

Pensar-Pulsar

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Ação pura e simples, desprovida de discurso legitimador.

No agir expressa-se a intencionalidade, a vontade, excluídas de todas as formas de manipulação contidas no verbo, que é a encenação, a máscara, rituais.

Ao mesmo tempo em que se tem a sensação de tédio, se tem a fascinação.
Jameson (1984) realça a agitação, o comportamento frenético e a euforia como marcas do presente, que tentam combater o tédio, mas acabam por reafirmá-lo.
Excita e frustra, agita e deprime, instiga e paralisa, estimula e desalenta.

A angústia, vivida como um estado de vulnerabilidade,
é sempre marcada por uma disposição interior de recuo em relação à realidade exterior, tomada como adversa,
e por um excesso de subjetivização diante dela, que produz a sensação de que toda a vida social se esgota no interior do indivíduo.

A vida torna-se uma sucessão dinâmica de acontecimentos, pelos quais se passa de forma ligeira. As pessoas como que colecionam diversas atividades e realizam-nas em tempo recorde, num tipo de compulsão de fazer sempre mais, pelo prazer de fazer. É o princípio do movimento pelo movimento.

O mal-estar causado por esse hiperdimensionamento e pela alta comutabilidade da esfera íntima, subjetiva, não é de todo estranho à experimentação do encobrimento do outro na esfera pública.
O ser factral é mais do que fragmentado, ele é estilhaçado.

Hoje a comunicação seria a "repetição impertubável do mesmo".
A visão de mundo é a do curto-circuito da representação-expressão.

Lyotard: "a expansão da ciência não se faz graças ao positivismo da eficiência. É o contrário: trabalhar na prova é pesquisar e inventar o contra-exemplo, isto é, o ininteligível; trabalhar na argumentação é pesquisar o 'paradoxo' e legitimá-lo com novas regras do jogo e do raciocínio. O cientista é, em princípio, alguém que conta histórias, cabendo-lhe simplesmente verificá-las."

(...) nos postamos face ao mundo como um grande texto a ser interpretado e tecido: onde tateamos indícios, sobre os quais levantamos hipóteses, com as quais a ele retornamos, procurando confirmações.
Entretando, nesse exercício, dando as coordenadas pelas quais esse mundo se submete a uma compreensibilidade, estamos ao mesmo tempo instituindo-o de uma maneira particular, como objeto do nosso agir, segundo algumas intenções e disposições.

Para Baudrillard, a realidade não pode ser apreendida, uma vez que trabalha com fatos que não têm lei, mas astúcia. A ordem, segundo ele, existe para ser desrespeitada. As estratégias irônicas são superiores ao sonho do homem. Este, deve ser dotado de certa malícia, esperteza e astúcia para conviver com isso.

Nietzsche: "Tudo o que é reto mente. Toda a verdade é curva, o próprio tempo é um círculo".

Se no passado, viver era lembrar- como diziam os poetas- na era tecnológica, por motivos de sobrevivência, é mais do que necessário, esquecer.

Pensar-Pulsar
coordenado por Ciro Marcondes Filho