“um novo homem, polido e sem humor, esgotado pela evitação de suas paixões, envergonhado por não ser conforme ao ideal que lhe é proposto”.
Sobretudo o terreno das relações interpessoais é caracterizado por um clima irreverente, onde a espontaneidade passa a ser o valor privilegiado.
Nada deve ser pesado ou sério; uma democratização jamais vista nas relações pessoais e institucionais tende a abolir qualquer hierarquia; por outro lado, também, ninguém deve se levar muito à sério.
A orientação geral é a de que a vida deve ser vivida de modo cool, ou light, isto é, sob a bandeira da descontração.
No imaginário vigente na sociedade depressiva, o conflito caducou, o sofrimento psíquico passa a ser entendido como tendo uma causalidade orgânica, e a psicanálise e sua busca de sentido para o mal-estar revelado através do sintoma, é acusada de ter criado mofo.
“O humor fun e descontraído passa a dominar (...) quando já ninguém, no fundo, acredita na importância das coisas” (Lipovetsky)
O humor pós-moderno é, assim, uma espécie de lubrificante social.
A leveza e o cinismo crítico próprios do humor que fazia rir estão bem distantes do cinismo desencantado da pós-modernidade, no qual vigora a dessubstancialização e a banalização esterilizante.
DO HUMOR E DO GROTESCO NA PSICANÁLISE
Daniel Kupermann
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