domingo, dezembro 16, 2007

Irreverência

“um novo homem, polido e sem humor, esgotado pela evitação de suas paixões, envergonhado por não ser conforme ao ideal que lhe é proposto”.

Sobretudo o terreno das relações interpessoais é caracterizado por um clima irreverente, onde a espontaneidade passa a ser o valor privilegiado.

Nada deve ser pesado ou sério; uma democratização jamais vista nas relações pessoais e institucionais tende a abolir qualquer hierarquia; por outro lado, também, ninguém deve se levar muito à sério.

A orientação geral é a de que a vida deve ser vivida de modo cool, ou light, isto é, sob a bandeira da descontração.

No imaginário vigente na sociedade depressiva, o conflito caducou, o sofrimento psíquico passa a ser entendido como tendo uma causalidade orgânica, e a psicanálise e sua busca de sentido para o mal-estar revelado através do sintoma, é acusada de ter criado mofo.

“O humor fun e descontraído passa a dominar (...) quando já ninguém, no fundo, acredita na importância das coisas” (Lipovetsky)

O humor pós-moderno é, assim, uma espécie de lubrificante social.

A leveza e o cinismo crítico próprios do humor que fazia rir estão bem distantes do cinismo desencantado da pós-modernidade, no qual vigora a dessubstancialização e a banalização esterilizante.

DO HUMOR E DO GROTESCO NA PSICANÁLISE
Daniel Kupermann

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