domingo, abril 06, 2008

"Empastada"

"Um homem embrenha-se na sua vida, desenha o seu retrato, e para lá deste retrato não há nada. Um homem nada mais é do que uma série de empreendiemntos, que ele é a soma, a organização, o conjunto das relações que constituem esses empreendimentos."

"A realidade humana existe primeiramente como falta e em vinculação sintética e imediata com o que lhe falta".

"A existência do outro tem a natureza de um fato contingente e irredutível. Nós encontramos o outro, não o constituímos."

O outro é "a morte oculta de minhas possibilidades"; que me faz "objeto de avaliação e estima", que me atribui "valor".

A liberdade nada mais é senão sua capacidade de "representar" um papel já escrito numa peça na qual nem sua parte nem sua interpretação se submetem a sua própria escolha.

"No desejo sexual, a conciência acha-se como que empastada, parece que nos deixamos invadir pela facticidade (da existência de alguém como um corpo), que deixamos fugir dessa facticidade e deslizamos rumo a um consentimento passivo ao desejo."

"O desejo se expressa pela carícia assim como o pensamento pela linguagem".

O existencialismo
Comentários a O Ser e o Nada.


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Na medida em que a sexualidade é sancionada e até encorajada pela sociedade (através dos costumes e modos de comportamento considerados "normais"), com a integração dessa esfera ao campo dos negócios e dos divertimentos, a própria repressão é recalcada: a sociedade não ampliou a liberdade individual, e sim o seu controle sobre o indivíduo. E esse aumento do controle social não é alcançado através do terror, mas através d produtividade e da eficiência mais ou menos útil do aparato social.
A sexualidade é promovida como atração comercial, como mercadoria e símbolo de status.

A corrida às armas de destruição total com o acordo de grande parte da população é apenas o sinal mais evidente dessa mobilização de energia destrutiva. Por certo que esta é mobilizada para a conservação e proteção da vida- mas justamente aqui as teses freudianas mais provocantes mostram a sua força.

Os processo psíquicos são fatais, não desaparecem e não podem ser resolvidos- eles devem continuar dominando sob outras formas, que correspondem a outros conteúdos e os exprimem.

A verdade da psicanálise consiste em manter a fidelidade às suas hipóteses mais provocadoras.

A obsolescência da psicanálise.

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Cultura e Sociedade- Volume 2- Marcuse.