Não há nada mais pós-moderno, ou hipermoderno, do que o chamado sexo virtual, não mais restrito às salas de bate-papo ou às webcams, mas já com o uso de vibradores interativos comandados através da internet, ou chamados simplesmente de televibradores portáteis; ou ainda roupas especiais equipadas com sensores, à mercê dos estímulos que algum desconhecido, do outro lado da tela, controla.
Basta um simples clique no mouse para levar o outro ao orgasmo.
Não obstante, o que cria a conexão sexual não é tão somente o software, mas a certeza de que um sujeito anônimo está controlando seu prazer físico.
Por isso, é importante notar que não há a completa negação do Outro, já que uma alteridade sui generis o torna existente e, ao mesmo tempo, inacessível.
Notemos ainda que o sexo virtual se fortalece a partir do medo do Outro; talvez ainda mais, o medo do corpo do Outro. Ao lado do fracasso afetivo, o temor do corpo e pelo corpo.
O sujeito, em sua preocupação prenhe de cuidados referentes à saúde e higiene está, no entanto, fadado a desenvolver mecanismos autodestrutivos de compulsão, ansiedade, depressão e outras diversas patologias individuais.
“O mundo das virtualidades eletrônicas fascina por permitir um livre curso às fantasias, às errâncias em múltiplos mundos, ao possibilitar visitas voyeuristas a todo tipo de universo falsamente fechado. A praticidade e a rapidez se pagam com o aumento da insegurança e do desespero." (Ciro Marcondes Filho)
Amores e desejos líquidos- Odirlei Costa dos Santos