Uma tendência que aparece, por exemplo, como regra de trabalho para muitos articulistas de jornais e revistas, que não nos informam sobre fatos, acontecimentos e situações, mas gastam páginas inteiras nos contando seus sentimentos, suas impressõese opiniões sobre pessoas, lugares, objetos, acontecimentos e fatos que continuamos a desconhecer por conhecemos apenas sentimentos e impresões daqueles que deles fala.
Um ponto comum aos programas de auditório, às entrevistas, aos debates, às indagações telefônicas de rádios, revistas e jornais, aos comerciais de propagando.
Trata-se do apelo à intimidade, à personalidade, à vida privada como suporte e garantia para a ordem pública.
A sutileza consiste em aumentar propositalmente a obscuridade do discurso para que o cidadão se sinta tão mais informado quanto menos puder raciocinar, convencido de que as decisões políticas estão com especialistas que lidam com problemas incompreensíveis para leigos.
Cada acontecimento é preparado para ser transimitido.
A prática é substituída pelo pseudoconhecimento, pelo olhar irresponsável, por uma contemplação superficial, depreocupada e satisfeita.
A competição no mercado de construção de imagem passa a ser um aspecto vital da concorrência entre as empresas.
O sucesso é tão claramento lucrativo que o investimento na constução da imagem se torna tão importante quanto o investimento em novas máquinas, fábricas.
A aquisição de uma imagem se tona um elemento singularmente importante na auto-representação nos mercados de trabalho, e, por essa extensão,
passa a ser parte integrante da busca da identididade individual, auto-realização e significação da vida.
Simulacro e Poder- Uma Análise da Mídia.
Marilena Chauí