Robin Durban chama a atenção para um aspecto fundamental nos chimpanzé que parece constituir uma das bases do comportamento social: é o intenso interesse e curiosidade que demonstram em relação uns aos outros, estando permanentemente atentos a quem está fazendo o quê, onde e com quem.
Nisso, diz ele, são extremamente semelhantes a nós. Nas pesquisas que realizou com seus alunos sobre o que acontece nas reuniões sociais em bares, restaurantes, festas e inclusive em reuniões departamentais na universidade, chegou à conclusão de que mais de dois terços das conversas é dedicada à discussão de sentimentos pessoais e ao ''quem está fazendo o quê com quem''.
Soma-se a isso o fato de que a grande maioria das produções culturais escritas e os programas de rádio e televisão (e certamente os de maior público) está voltada para a vida dos outros, sejam os personagens reais ou fictícios.
Uma experiência comum para comprovar a esperteza dos chimpanzés consiste no pesquisador esconder uma fruta de tal modo que apenas um dos membros de um grupo confinado em outro lugar possa observá-lo.
Quando todos os chimpanzés são soltos no terreiro onde está a fruta, aquele que detém a informação disfarça e não demonstra nenhum interesse pelo local onde o cobiçado prêmio está escondido.
Mas, assim que os demais se afastam, corre para desenterrá-la e comê-la sem ter que disputá-la com os outros.
Claramente ocorreu um complexo processo que envolveu a previsão do comportamento dos demais e uma avaliação das reações possíveis ao comportamento do sujeito e um ajustamento deste comportamento de acordo com as previsões.
Chimpanzés também amam: a linguagem das emoções na ordem dos primatas
Eunice Ribeiro Durham