quinta-feira, outubro 11, 2007

Macio...

Machos são, de fato,
tolerantes e mesmo carinhosos com os filhotes,
que não lhes demonstram nenhum respeito: puxam-lhes os pêlos, sobem por suas costas e as usam como escorregador.

Poderíamos mesmo imaginar algo semelhante a uma paternidade difusa.
A disciplina da hierarquia começa a ser aplicada depois que os filhotes atingem 4 ou 5 anos, quando cessa a tolerância.

A fêmea se apoiou pesadamente contra as costas do macho. Seu braço peludo quase ocultava completamente seu bebê, que parecia uma aranha e cujos finos braços e pernas se agitavam ao acaso.
O macho se inclinou e, com a mão, acariciou o bebê.
Durante duas horas, embevecidos, contemplamos aquela cena de família.

Entre os chimpanzés, a dependência dos filhotes é não só intensificada pela necessidade de serem carregados, mas é ampliada pelo fato do seu desenvolvimento ser muito lento.
Filhotes de chimpanzés adquirem alguma autonomia de movimentação apenas com um ano e, assim mesmo, só se locomovem sozinhos quando a mãe está perto e vigilante.

Na permanente movimentação diária dos grupos em busca de alimento e, especialmente, numa reação de fuga ante uma ameaça externa, os filhotes continuam a ser carregados pelo menos até 4 anos e, excepcionalmente, até os 5.
Como a amamentação também é prolongada, conforme vimos, as relações entre mães e filhos envolvem um grau de proximidade física mais intenso do que a observada no caso dos seres humanos.

A necessidade de se agarrar à mãe e de ser agarrado por ela, ou de estar sendo permanentemente segurado e apoiado, pode ser uma adaptação evolutiva da vida arbórea, na qual perder o apoio significa, freqüentemente, uma queda mortal.
A reação de medo à sensação de queda, aliás, parece ser uma das reações mais primitivas do neonato humano.

Chimpanzés também amam: a linguagem das emoções na ordem dos primatas
Eunice Ribeiro Durham