quarta-feira, outubro 17, 2007

Acontece...

O menino ambicioso
não de poder ou de glória
mas de soltar a coisa
oculta no seu peito
escreve no caderno
e vagamente conta
à maneira de sonho
sem sentido nem forma
aquilo que não sabe.

Lá embaixo, talvez, amor está,
em lagoa decerto, em grota funda.
Ou? mais encoberto ainda, onde se refugiam
coisas que não são, e tremem de vir a ser.

Entre areia, sol e grama
o que se esquiva se dá,
enquanto a falta que ama
procura alguém que não há.

Seu carnaval abstrato, flor de vento
era provocação e nostalgia.

Cede lugar ao que, na voz errante,
procura introduzir em nossa vida
certa canção cantada por si mesma.

Drummond