Não é fácil delimitar aquilo que abrange o conceito de 'sexual'. Como sexual tudo aquilo que, com vistas a obter prazer, diz respeito ao corpo e, em especial aos órgão sexuais de uma pessoa do sexo oposto, e que, em última instância, visa à união dos genitais e à realização do ato sexual. Algo que reúne uma referência ao contraste entre os sexos, à busca de prazer, à função reprodutora e à característica de algo que é impróprio e deve ser mantido em segredo.
Devemos também ter em mente que os impulsos sexuais, em particular, são extraordinariamente plásticos, se é que posso expressar-me dessa maneira.
Um deles pode assumir o lugar do outro,um pode assumir a intensidade do outro; no caso de a realidade frustrar a satisfação de um deles, a satisfação de outro pode proporcionar compensação completa.
A deslocabilidade e a facilidade de aceitar substitutos deve atuar poderosamente contra o efeito patogênico da frustração.
Mas a plasticidade ou livre mobilidade da libido não se mantém absolutamente preservada em todas as pessoas, e a sublimação jamais tem a capacidade de manejar senão determinada parcela de libido; acresce-se o fato de que muitas pessoas são dotadas de uma escassa capacidade de sublimar.
A tenacidade com que a libido adere a determinadas tendências e objetos - o que se pode descrever como 'adesividade' da libido- surge como fator independente, e suas causas são praticamente desconhecidas; contudo, sua importância das neuroses certamente não mais subestimaremos.
O conflito surge pela frustração, em conseqüência da qual a libido, impedida de encontrar satisfação, é forçada a procurar outros objetos e outros caminhos.
A precondição do conflito é que esses outros caminhos e objetos suscitem desaprovação em uma parte da personalidade.
Uma parte da personalidade defende a causa de determinados desejos, enquanto outra parte se opõe a eles e os rechaça. Sem tal conflito não existe neurose.
A transição do princípio de prazer para o princípio de realidade é um dos mais importantes passos na direção do desenvolvimento do ego.
É como se a totalidade de nossa vida mental fosse dirigida para obter o prazer e evitar o desprazer- que é automaticamente regulada pelo princípio do prazer. Porém, com a frustração advinda da realidade, a tarefa de evitar desprazer vai se tornando mais importante que a de obter prazer.
Conferências Introdutórias Sobre Psicanálise.
Teoria Geral das Neuroses I- Sigmund Freud.