O indivíduo, nas relações que já mencionaei, cai sob a influência de apenas uma só pessoa ou de um número bastante reduzido de pessoas. Ora, quando se fala de psicologia social ou de grupo, costuma-se deixar essas relações de lado e isolar como tema de indagação o influenciamento de um indivíduo por um grande número de pessoas simultaneamente, pessoas com quem se acha ligado por algo, embora, sob outros aspectos e em muitos respeitos, possam ser-lhe estranhas.
O fato de haverem sido transformados num grupo os faz sentir, pensar e agir de maneira muito diferente daquela pela qual cada membro dele, tomado indivualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso se encontrasse em estado de isolamento. Há certas idéias e sentimentos que não surgem ou que não se transformam em atos, exceto no caso de indivíduos que se transformam num grupo.
Por traz das causas confessadas dos nossos atos jazem indubitavelmente causas secretas que não confessamos. A maior parte de nossas ações cotidianas são o resultado de motivos ocultos que fogem à nossa observação.
O indivíduo que faz parte de um grupo adquire por considerações numéricas, um sentimento de poder invencível que lhe permite render-se a instintos que, se estivesse ele sozinho, teria mantido sob coerçao.
Quanto ao trabalho intelectual, permanece um fato, na verdade, que as grandes decisões no domínio do pensamento e as momentosas descobertas e soluções de problema só são possíveis ao indivíduo que trabalha em solidão.
Quando um grupo se foema, a totalidade dessa intolerância se desvanece. Enquanto uma formação de grupo persiste ou até onde ela se estende, os indivíduos do grupo comportam-se como se fossem uniformes.
Sigmund Freud- Psicologia de Grupo e Análise do Ego.