Existe um medo, assim como uma imperdoável ilusão- que faz com que você queira que as coisas sejam outras, e não aquilo que são. O prejuízo disso é enorme.
O outro é real. O resto é abstração. Você faz o que quiser com a imaginação. Mas o outro você não pode imaginar. Ele está sempre a mais ou a menos. Atrapalha. Só que o outro não pode deixar de ser verdade. Não há alternativa.
Nós nos acostumamos a atropelar o próximo como se ele nada fosse, em nome desse ou daquele ponto de vista, que na verdade não é outra coisa se não um ponto de vista.
É grave você ser um autodidata. Você não tem a contestação do outro. O outro será sempre uma criação sua, e não uma barreira ao seu ego. O ego precisa ser consquistado e perdido todo santo dia.
Quando educamos alguém, nós simplesmente tratamos de domesticar essa pessoa, e domesticação não é educação.
Bruno Tolentino em entrevista à revista Educação.