A Universidade já está sob tutela, já estava sob tutela sem os decretos.
As leis pioram a situação.
Na verdade a gente quer resistir.
A desordem não é para construir a universidade que a gente sonha, mas para resistir à uma destruição.
(Trecho do Grupo de Discussão sobre a Universidade Brasileira.)
1- “Por uma educação de qualidade”... Mas, no fim, o que é educação??
Quando observamos a quantidade e a variedade dos estabelecimentos de ensino e de aprendizado, assim como o grande número de alunos e professores, é possível acreditar que a espécie humana dá muita importância à instrução e à verdade. Entretanto, nesse caso, as aparências enganam.(...)
A maior parte de todo o saber humano em cada um dos seus gêneros, existe apenas no papel, nos livros, nessa memória de papel da humanidade. Apenas uma pequena parte está realmente viva, a cada momento dado, nas pessoas.
(Schopenhauer- A arte de Escrever.)
2. Então como estamos sendo educados?
Com o declínio da consciência, com o controle da informação, com a absorção do indivíduo na comunicação em massa, o conhecimento é administrado e condicionado.
O indivíduo não sabe realmente o que se passa; a máquina esmagadora de educação e entretenimento une-o a todos os outros indivíduos, num estado de anestesia do qual todas as idéias nocivas tendem a ser excluídas.
E como o conhecimento da verdade completa dificilmente conduz à felicidade, essa anestesia geral torna os indivíduos felizes.
O impulso agressivo mergulha no vácuo- melhor, o ódio encontra-se com sorridentes colegas, atarefados concorrentes, funcionários obedientes, prestimosos trabalhadores sociais, que estão todos cumprindo seus deveres e são todos vítimas inocentes.
A eliminação das potencialidades humanas do mundo de trabalho cria as precondições para a eliminação do trabalho do mundo das potencialidades humanas.
(Marcuse- Eros e Civilização.)
A educação seria impotente e ideológica se ignorasse o objetivo de adaptação e não preparasse os homens para se orientarem no mundo. Porém ela seria igualmente questionável se ficasse nisto, produzindo nada além de well adjusted people, pessoas bem ajustadas, em conseqüência do que a situação existente se impõe precisamente no que tem de pior. (Adorno)
3. Mas podemos fazer algo com relação a isso?
O mito do receptor passivo: A idéia de que os receptores das mensagens da mídia são espectadores passivos, que simplesmente absorvem o que se passa diante deles na tela ou o que está presente no papel, é um mito que não se coaduna com o caráter atual de apropriação como um processo contínuo de interpretação, de discussão, apreciação e incorporação.
‘A sociedade moderna se tornou uma enorme e muito bem lubrificada máquina onde os indívduos não são mais que partes funcionais.’
Não é absolutamente claro que todos, ou mesmo a maioria, os indivíduos das sociedades industriais modernas estejam nitidamente integrados na ordem social, que suas faculdades intelectuais estejam tão profundamente embotadas a tal ponto que eles não sejam mais capazes de ter um pensamento crítico e independente.
(Ideologia e Cultura Moderna- Jonh B. Thompson)
O outro é real. O resto é abstração. Você faz o que quiser com a imaginação. Mas o outro você não pode imaginar. Ele está sempre a mais ou a menos. Atrapalha. Só que o outro não pode deixar de ser verdade.
Não há alternativa. Nós nos acostumamos a atropelar o próximo como se ele nada fosse, em nome desse ou daquele ponto de vista, que na verdade não é outra coisa se não um ponto de vista.
(Bruno Tolentino)
4. Por que não agimos, não participamos?
A disciplina “fabrica” indivíduos; ela é a técnica específica de um poder que toma os indivíduos ao mesmo tempo como objetos e como instrumentos de seu exercício.
Não é um poder triunfante que, a partir de seu próprio excesso, pode-se fiar em seu superpoderio; é um poder modesto, desconfiado, que funciona a partir de uma economia calculada, mas permanente.
(Foucault, Vigiar e Punir).
Uma eleição nacional é, realmente, uma disputa importante? Importa, realmente, quem ganha? As plataformas das duas partes são cuidadosamente elaboradas e tão semelhantes quanto possível, e quando a eleição acaba, somos exortados a aceitar o resultado como bons esportitas. Apenas alguns eleitores continuam se incomodando muito depois de uma semana ou duas. O resto sabe que não há perigo real. As coisas continuarão como antes.
Votar é um meio de pôr a culpa no povo pela situação. O povo não faz regras, é o bode expiatório.
(Skinner, Waden II )
5. Qual a importância de nos unirmos e nos organizarmos ?
O fato de haverem sido transformados num grupo os faz sentir, pensar e agir de maneira muito diferente daquela pela qual cada membro dele, tomado indivualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso se encontrasse em estado de isolamento.
Há certas idéias e sentimentos que não surgem ou que não se transformam em atos, exceto no caso de indivíduos que se transformam num grupo. (...)
O indivíduo que faz parte de um grupo adquire por considerações numéricas, um sentimento de poder invencível que lhe permite render-se a instintos que, se estivesse ele sozinho, teria mantido sob coerçao.
(Sigmund Freud- Psicologia de Grupo e Análise do Ego.)