Como pessoas, nós estamos imersos em conjuntos de relações sociais e estamos constantemente envolvidos em comentá-las, em representá-las e em transformá-las através de símbolos, ações e palavras. As formas simbólicas através das quais nós nos expressamos e entendemos os outros não constituem um outro mundo etéreo que se coloca em oposição ao que é real: ao contrário, elas são parcialmente constitutivas do que em nossa sociedade é "real". (...) Estamos estudando um aspecto da vida social que é tão real quanto qualquer outro.
O mundo de hoje, um mundo que é sempre mais atravessado por redes institucionalizadas de comunicação e em que as experiências das pessoas está cada vez mais mediada por sistemas técnicos de produção e transmissão simbólica.
A transmissão de uma forma simbólica implica necessariamente a separação, até certo ponto, dessa forma do contexto original de sua produção: ela se distancia desse contexto, tanto espacialmente quanto temporalmente, e é inserida em novos contextos que estão localizados em tempo e espaços diferentes.
Parte do que constitui as sociedades modernas como "modernas" é o fato de que a troca de formas simbólicas não está mais restrita a contextos de interação face-a-face, mas é mediadam de maneira sempre mais ampla e crescente, pelas instituições e mecanismos da comunicação de massa.
O desenvolvimento dos meios técnicos não deve ser visto como um mero suplemento das relações sociais preexistentes: devemos ver esse desenvolvimento como servindo para criar novas maneiras de agir e interagir, novas maneiras de expressarmo-nos e de respondermos às expressões dos outros.
O aparelho de televisão, muitas vezes, ocupa um lugar central dentro da casa e torna-se o ponto ao redor do qual outros espaços e atividades são organizados. (...) Mas o desenvolvimento dos meios técnicos pode transformar as condições de vida dos receptores de um modo mais complexo e menos evidente. Pois ele possibilita às pessoas experimentar acontecimentos que têm lugar em locais distantes espaciais e temporalmente, e esta experiência pode, por sua vez, criar ou estimular formas de ação ou resposta da parte dos receptores. A recepção de acontecimentos mediada pela comunicação aumenta enormemente o quadro de experiências possíveis a que as pessoas estão, em princípio, expostas. Possibilita às pessoas de yna oarte do mundo testemunhar acontecimentos que têm lugar em outras partes e responder, individual ou coletivamente, a esses acontecimentos.
O mito do receptor passivo: A idéia de que os receptores das mensagens da mídia são espectadores passivos, que simplesmente absorvem o que se passa diante deles na tela ou o que está presente no papel, é um mito que não se coaduna com o caráter atual de apropriação como um processo contínuo de interpretação, de discussão, apreciação e incorporação.
Ideologia e Cultura Moderna- Jonh B. Thompson