De que fontes esse estranho ser, o escritor criativo, retira seu matéria, e como consegue impressionar-nos com o mesmo e despertar-nos emoções das quais talvez nem nos julgássemos capazes. Nosso interesse se intensifica ainda mais pelo fato de que, ao ser interrogado, o escritor não apresenta uma explicação, ou pelo menos nenhuma satisfatória.
Ao brincar, toda criança se comporta como um escritor criativo, pois cria um mundo próprio, ou melhor, reajusta os elementos de seu mundo de forma que lhe agrade.
Equiparando as suas ocupações do presente, aparentemente tão sérias, ao seus jogos de criança, o adulto pode conquistar o prazer proporcionado pelo humor.
O adulto acalenta suas fantasias como bem mais íntimo, e em geral preferiria confessar suas faltas do que confiar a outro suas fantasias. Se as pessoas fazem tanto mistério a respeito do fantasiar, como o conhecemos tão bem?
Quando um escritor criativo nos apresenta suas peças, ou nos relata o que julgamos ser de seus próprios devaneios, sentimos prazer, provavelmente originário da confluência de muitas fontes.
Talvez até grande parte desse efeito seja devido à possibilidade que o escritor nos oferece de, dali em diante, nos deleitarmos com nossos próprios devaneios, sem auto-acusação ou vergonha.
Escritores Criativos e Devaneios- Sigmund Freud