domingo, janeiro 11, 2009

Perhappiness

Volta em Aberto

Ambígua volta
em torno da ambígua ida,
quantas ambigüidades
se pode cometer na vida?
Quem parte leva um jeito
de quem traz a alma torta
Quem bate mais na porta?
Quem parte ou quem torna?

Sujeito Indireto

Quem dera eu achasse um jeito
de fazer tudo perfeito,
feito a coisa fosse o projeto
e tudo já nascesse satisfeito.
Quem dera eu visse o outro lado,
o lado de lá, o lado meio,
onde o triângulo é quadrado
e o torto parece direito.
Quem dera um ângulo reto.
Já começo a ficar cheio
de não saber quando eu falto,
de ser, mim, indireto sujeito.

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Pra que sirvo senão para isto,
para ser vinte e pra ser visto,
pra ser versa e pra ser vice,
pra ser a super-superfície
onde o verbo vem ser mais?

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Ímpar ou Ímpar

Pouco rimo tanto com faz.
Rimo logo ando com quando,
mirando menos com mais.
Rimo, rimas, miras, rimos,
como se todos rimássemos,
como se todos nós ríssemos,
se amar(rimar) fosse fácil.

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Rumo ao Sumo

Disfarça, tem gente olhando.
Uns, olham pro alto,
cometas, luas, galáxias.
Outros, olham de banda,
lunetas, luares, sintaxer.
De frente ou de lado,
sempre tem gente olhando,
olhando ou sendo olhado.

Outros olham para baixo,
procurando algum vestígio
do tempo que a gente acha,
em busca do espaço perdido.
Raros olham para dentro,
já que dentro não tem nada.
Apenas um peso imenso.
A alma, esse conto de fada.

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Paulo Leminski- Fred Góes e Álvaro Marins- Seleção.